sexta-feira, 22 de novembro de 2013


O ex-presidente do PT passou mal na Penitenciária da Papuda, em Brasília, e foi transferido para o Instituto de Cardiologia do Distrito Federal, no Hospital das Forças Armadas. Genoino é dos 11 condenados no processo do mensalão, presos na Papuda desde o último fim de semana


Boletim médico só informa que deputado passou por exames
Joaquim Barbosa determina que junta médica avalie saúde do deputado

19h07
O Cadastro Geral de Empre- gados e Desem- pregados, elaborado pelo Ministério do Trabalho, mostra que foram criadas 94.893 vagas em outubro, um crescimento de 29,4% em relação ao mesmo período do ano passado e de 0,23% em relação a setembro

Taxa é a menor desde dezembro
Rendimento real tem queda
Emprego na construção civil cai
19h14
O secre- tário do Ambiente do Rio ad- mite que as águas da Baía de Guanabara ainda estão longe das condições necessárias à realização dos Olimpíadas de 2016, mas garante que vários programas do governo estão “saindo do papel” e vão garantir o cumprimento dos compromissos firmados para os Jogos
12h41
A sessão pública para a concessão dos direitos de amplia- ção, manuten- ção e ex- ploração dos aeroportos será realizada nesta sexta na sede da Bovespa. Juntos, os dois aeroportos movimentam 14% do total de passageiros do país, 10% da carga e 12% das aeronaves
17h37
Por 10 votos a 1, o STF decidiu nesta quinta- feira arquivar a ação penal em que o deputado federal Francisco Everardo Oliveira Silva (PR-SP), o Tiririca, era acusado de omitir bens na relação apresentada à Justiça Eleitoral, em 2010, além de usar declaração falsa de que sabia ler e escrever
21h17
O juiz da 1ª Vara Empre- sarial do Tribunal de Justiça do Rio, Luiz Roberto Ayoub, manteve o indeferimento da liminar ajuizada pelo Procon-RJ contra o Clube de Regatas do Flamengo para que fosse reduzido o valor dos ingressos da final da Copa do Brasil. A partida está marcada para o próximo dia 27, entre o clube carioca e o Atlético Paranaense, no Maracanã
16h13
O presiden- te do STF, Joaquim Barbosa, concedeu nesta quinta-feira prisão domiciliar provisória para que ex-presidente do PT e deputado federal José Genoino possa fazer tratamento médico. Genoino passou mal hoje na Penitenciária da Papuda, em Brasília, e foi transferido para o Instituto de Cardiologia do Distrito Federal (IC-DF), no Hospital das Forças Armadas (HFA).
17h28
A Operação Mymba Kuera, que significa pega-bicho em tupi- guarani, desarticulou uma rede de traficantes de drogas que atuavam nos municípios paranaenses de São Miguel do Iguaçu, Santa Helena, Itaipulândia, Missal e Medianeira. Foram cumpridos 18 mandados de prisão e 13 de busca e apreensão, além de terem sido apreendidos medicamentos, comprimidos de ecstasy, maconha, haxixe e crack
15h08
A Polícia Civil decidiu montar uma delegacia móvel que percorrerá as praias da zona sul, atendendo, no próprio local, às vítimas de arrastões. A iniciativa foi tomada depois de registrada uma série de assaltos a banhistas no Arpoador, em Ipanema e no Leblon

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Dilma avisa: inflação está sob controle

Em cerimônia da Caixa Econômica Federal no Rio de Janeiro, presidente brasileira afirma que País tem ‘robustez fiscal’ e capacidade de investir.


São Paulo – A presidente da República, Dilma Rousseff, afirmou nesta sexta-feira (14), no Rio de Janeiro, que a inflação brasileira está sob controle e que o País tem “robustez fiscal”. O aumento da cotação do dólar nas últimas semanas voltou a pressionar os preços.

“O país tem robustez fiscal e estabilidade inflacionária, ou seja, nós temos a inflação sob controle", afirmou Dilma durante a assinatura de um termo de compromisso entre a Caixa Econômica Federal e o município do Rio Janeiro para construir um veículo leve sobre trilhos (VLT) na cidade. “Nós somos um país com capacidade de investimento. Temos todas as condições de investir e, ao mesmo tempo, fazer programas sociais", disse a presidente.

sábado, 8 de junho de 2013

A paranoia da inflação e hipocrisia dos burgueses

7/6/2013 13:58
Por João Pedro Stedile - de São Paulo

A imprensa burguesa tem propagandeado que a inflação está fora do controle
A imprensa burguesa tem propagandeado que a inflação está fora do controle
A imprensa burguesa tem propagandeado que a inflação está fora do controle com a divulgação de noticias, artigos e comentários de políticos de oposição ao governo federal.
Com isso, colocam o tema dos preços como um fantasma atrás da porta de cada família brasileira, prestes a assaltá-la e tomar o seu dinheiro.
A construção dessa paranoia começou com a divulgação de matérias sensacionalistas sobre o aumento do preço do tomate, como se a valorização desse alimento tivesse de forma isolada incidência real na inflação dos gastos da maioria da população.
Qualquer estudante do primeiro ano de economia já sabe que os estudos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Fundação Getúlio Vargas têm diversos itens do orçamento doméstico médio dos brasileiros, sobre o qual se calcula o aumento da inflação real para as famílias.
Depois da criação da “crise do tomate”, a mídia burguesa tem apelado a cada dia para outros produtos, tentando criar novos factoides.
Essa manipulação grosseira se baseia em duas táticas complementares.
A primeira delas é criar na população paranoias e preocupações desnecessárias que resultem em ações de massa que desgastem o governo.
Essa tática deu resultado, por exemplo, com o boato de que a Bolsa Família iria acabar.
Com isso, 900 mil representantes das famílias mais pobres, desinformados ou mal informadas, correram para as agências da Caixa, provocando um verdadeiro tumulto, sobretudo nas cidades do Nordeste.
Hipocrisia descarada
A segunda tática da burguesia é jogar uma cortina de fumaça sobre os verdadeiros problemas do país, lançando mão da hipocrisia descarada.
Em primeiro lugar, a burguesia e seus meios de comunicação sabem que existe uma tendência geral de aumento dos preços de todas as mercadorias que estão na sociedade, independente do preço de um único produto.
Ora, se há uma tendência de aumento de preços em todas as mercadorias, quem são os atores econômicos que aumentam os preços?
São exatamente os capitalistas proprietários das fábricas, supermercados ou lojas do comércio.
Portanto, é a base social tucana que opera o aumento dos preços, beneficiando-se com o aumento dos seus lucros.
Assim, o discurso por trás da inflação esconde interesses de classes.
Em segundo lugar, ao mesmo tempo em que exageram nas notícias sobre um “descontrole inflacionário”, fazem pressão pelo aumento das taxas de juros.
Nós, brasileiros, já pagamos os juros mais altos do mundo.
A taxa média de juros paga na economia pelos comerciantes e pelos consumidores é de 58% ao ano.
Os bancos que financiam esses empréstimos ganham 52% de lucro líquido, com a inflação em torno de 6% ao ano.
Não existe paralelo no mundo para a lucratividade dos bancos com  crédito no Brasil.
Com isso, os brasileiros ficam endividados no cartão de crédito ou no cheque especial, que têm taxas que ultrapassam em média 100% ao ano…
Ou seja, é um verdadeiro assalto.
Para efeito de comparação, a taxa média de lucro nas economias centrais é de 13% ao ano. Essa taxa já faz brilhar os olhos dos capitalistas nesses países…
Nenhum porta-voz da burguesia brasileira protesta nos jornais, revistas e nas TVs contra esse assalto aos brasileiros que o capital financeiro pratica todos os dias.
Ao contrário.
Esses ideólogos defendem aumentos das taxas de juros como uma pretensa medida para controlar o consumo das massas e impedir o tal descontrole da inflação.
A terceira hipocrisia da burguesia é omitir que a taxa de câmbio da nossa moeda em relação ao dólar é irreal.
A comparação dos preços das mercadorias em dólar nos Estados Unidos e em real no Brasil indica uma taxa de câmbio necessária ao redor de U$S1,00 por R$3,00.
Essa posição é defendida por diversos especialistas da área.
A atual taxa de câmbio próxima a U$S 1,00 por R$2,00 está provocando um processo de desindustrialização da economia brasileira e reprimarização das exportações.
A produção das manufaturas, que geram emprego e valor agregado, não consegue mais competir no mercado internacional.
Essa taxa de cambio é provocada pela emissão descontrolada do papel dólar pelo governo dos Estados Unidos e pela avalanche de capital financeiro especulativo em nosso país, que vem para cá se proteger da crise.
Nenhuma palavra dos porta-vozes da burguesia sobre o “descontrole” da taxa de câmbio.
Ou seja, a mídia da classe dominante sequer protege sua fração industrial.
Controle dos alimentos
A quarta hipocrisia é esconder que grande parte dos produtos agrícolas que se transformam em alimentos no mercado interno é controlado por um oligopólio formado por empresas transnacionais.
Depois da crise de 2008, houve uma corrida do capital financeiro internacional e das empresas transnacionais sobre as chamadas commodities para se proteger da perda de dinheiro.
Assim, fizeram um brusco movimento especulativo, que fez com que os preços das commodities aumentassem em três anos, em todo mundo, nada menos do que 200%.
Esse aumento de preço foi repassado para os consumidores de alimentos.
Portanto, o aumento de certos produtos alimentícios tem como responsáveis os que multiplicaram os seus ganhos: as grandes empresas do agronegócio, como Bunge, Monsanto, Unilever, Cargill, Nestlé, Danone, entre outras.
A quinta hipocrisia da mídia burguesa é ignorar que o Brasil é um dos maiores produtores mundiais de milho, enquanto a falta de alimentos dizima 18 milhões de cabeças de bois, vacas, porcos e bodes no Nordeste.
Foram colhidas 60 milhões de toneladas de milho na última safra.
No entanto, diante da pior seca no Nordeste, morrem os animais criados por camponeses da região.
A morte desses animais será uma perda irreparável para a população nordestina, que pode demorar uma geração para repor o rebanho dizimado.
As famílias se salvaram da fome graças a saques, aos benefícios do Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural) e ao programa Bolsa Família, que garantiram renda para fazer a feira e se alimentar.
Diante dessa situação, a presidenta Dilma Rousseff mandou seus ministérios tomarem providências.
O Ministério do Desenvolvimento Agrário resolveu doar tratores produzidos no Sul para as prefeituras do Nordeste. Foi só um negócio que não alterou questões estruturais.
Independente da situação, o Ministério da Integração Nacional continuou com a distribuição de lotes de perímetros irrigados para empresários do Sul, em vez de beneficiar os camponeses da região que padecem com a falta de água.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) foi autorizada a comprar milho para levar para o Nordeste e salvar o rebanho.
No entanto, a companhia fez vários editais e não encontrou quem vendesse milho suficiente para a demanda. Por quê?
A safra de milho é controlada por empresas transnacionais.
A Cargill e a Bunge exportaram nada menos que 18 milhões de toneladas de milho para os Estados Unidos no último ano.
Esse milho voltou ao país como etanol, importado por esses mesmas empresas.
Com isso, o preço do etanol se mantém bem acima do seu valor real.
Se o governo quisesse resolver o problema, poderia requisitar a produção de milho, proibir as exportações e salvar o rebanho no Nordeste, enfrentando o problema das mortes dos animais causado pela seca.
Nenhuma palavra na imprensa burguesa sobre a falta de milho no país campeão de produção agrícola.
Na verdade, foram escondidas as raízes da perda do rebanho no Nordeste.
Dessa forma, a mídia burguesa demonstra seu compromisso com o interesses do grande capital financeiro internacional.
Os meios de comunicação da classe dominante, “preocupados” com a inflação, omitem questões centrais relacionadas à formação dos preços no país.
Assim, os verdadeiros problemas que a sociedade brasileira enfrenta ficam submersos diante da manipulação e da hipocrisia dos donos de jornais, revistas e redes de televisão.
João Pedro Stedile é economista e coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST).

terça-feira, 23 de abril de 2013

Depois de alta da taxa básica de juros, mercado eleva estimativa de inflação para este ano e 2014

22/04/2013 - 9h28
Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), deve chegar a 5,70% este ano. A projeção foi feita por analistas do mercado financeiro consultados todas as semanas pelo Banco Central (BC). A estimativa divulgada na semana passada era 5,68%. Para 2014, a projeção também subiu, ao passar de 5,70% para 5,71%.
As previsões para a inflação neste ano e em 2014 estão acima do centro da meta de 4,5% e um pouco mais próximas do limite superior (6,5%). Cabe ao  BC perseguir a meta de inflação e um dos principais instrumentos para influenciar a atividade econômica e calibrar a alta dos preços é a taxa básica de juros, a Selic.
Devido à alta da inflação, na quarta-feira (17), o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC decidiu elevar a Selic em 0,25 ponto percentual para 7,50% ao ano. Essa foi a primeira vez que o Copom elevou a taxa Selic desde julho de 2011.
Depois desse aumento na taxa Selic, as instituições financeiras ainda esperam mais elevações, este ano. Entretanto, houve redução na estimativa para a taxa básica ao final de 2013 de 8,50% para 8,25% ao ano. Ou seja, em vez de subir 1,25 ponto percentual, como previsto no boletim divulgado na semana passada, a Selic deve ser elevada em 1 ponto percentual, no total, este ano. Para o fim de 2014, a projeção permanece em 8,50% ao ano.
A pesquisa do BC também traz estimativa para o Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (IPC-Fipe), que foi mantida em 5,12%, em 2013, e em 5%, no próximo ano.
A expectativa para o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) foi ajustada de 4,95% para 4,80%, este ano, e mantida em 5,10%, em 2014.
Para o Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M), a estimativa passou de 4,93% para 4,91%, este ano, e de 5,31% para 5,30%, em 2014.
A estimativa dos analistas para os preços administrados passou de 2,95% para 2,85%, em 2013, e de 4,10% para 4%, no próximo ano. Os preços administrados são aqueles cobrados por serviços monitorados, como combustíveis, energia elétrica, telefonia, medicamentos, água, educação, saneamento e transporte urbano coletivo.
Edição: Juliana Andrade
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segunda-feira, 15 de abril de 2013

‘Inflação não precisa de tiro de canhão’


Para Mantega, taxas de juros mudaram de patamar e alta de preços pode ser debelada com ‘tiro de metralhadora’
Raquel Landim e João Villaverde, de O Estado de S.Paulo
SÃO PAULO - Na iminência de uma retomada do ciclo de alta de juros, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou ao Estado que a inflação não vai precisar ser debelada com um "tiro de canhão" como na história recente do País. "Pode ser de metralhadora, se necessário", disse. Ele frisou que não estava opinando sobre a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que começa na terça-feira, mas sobre uma mudança estrutural nos juros.
+ ampliarMantega afirma que a inflação está sob controle e que "o que está na boca do povo é o tomate" e não uma alta generalizada de preços. Um dos principais defensores do câmbio desvalorizado, o ministro admite que o governo promoveu uma depreciação do real, que elevou em até 0,5 ponto porcentual o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Para o ministro, a principal meta do governo Dilma, que é transformar os investimentos na mola propulsora da economia, será atingida no ano eleitoral. "Os investimentos vão bombar em 2014", diz. Abaixo, a entrevista realizada na sede do Banco do Brasil, em São Paulo.
A inflação voltou a ser uma preocupação do brasileiro e o IPCA estourou o teto da meta em março. Não é um sinal ruim?
O que está na boca do povo é o tomate, não a inflação. O comportamento dos preços neste começo de ano tem sido parecido com o dos últimos oito anos. Tivemos choques nos preços das commodities, o que não nos deixa tristes, já que somos grandes exportadores de produtos básicos, mas é claro que há reflexo na inflação. No ano passado, tivemos nos Estados Unidos e no Brasil uma seca. Além disso, fizemos uma desvalorização cambial, que também é inflacionária, tendo efeito de algo como 0,4 ou 0,5 ponto porcentual no IPCA. Se somarmos as coisas, veremos que a inflação recente não é uma questão estrutural, mas pontual. O sistema de metas de inflação foi pensado para absorver essas excepcionalidades, e é por isso que estamos há oito anos com inflação dentro da meta. E vamos cumprir a meta neste ano.
O governo reduziu a conta de luz, desonerou a cesta básica e postergou os reajustes de transporte público. Mesmo assim...
Tivemos duas secas, nos Estados Unidos e no Brasil, e a mudança cambial, que interferiram neste ano. Todo ano tem algum vilão, que já foi o feijão, a carne, e agora é o tomate. A produção agrícola foi negativa no ano passado, e essa foi uma das razões por trás do PIB de 2012.
Além da pressão dos alimentos, a inflação tem sido puxada pelos serviços.
De fato. Essa alta nos preços dos serviços ocorre por conta do bom momento. A massa salarial está subindo, portanto, o poder aquisitivo da população aumenta. No caso dos bens industriais, se o produtor nacional aumenta o preço, o consumidor compra o importado. Mas com os serviços isso não é possível. Com o tempo, a concorrência se implanta, porque, se o corte de cabelo começa a ficar muito caro, logo alguém aparece fazendo o mesmo e cobrando menos. Mas, em março, os serviços não foram os vilões.
Sempre que o governo precisou reduzir a inflação, o PIB estava forte. Este não é o caso agora. O que fazer?
Temos de buscar o aumento da oferta, com as medidas de desoneração tributária e o Plano Safra que estamos fazendo.
E quanto ao aumento da taxa básica de juros?
Quem falou em elevar a Selic?
O sr. disse (na sexta-feira de manhã) que o governo poderia tomar medidas impopulares para debelar a inflação. Uma alta da Selic não prejudica o PIB?
Na véspera do Copom, não me manifesto sobre juros, essa é uma questão para o Banco Central. O que me interessa é o juro de longo prazo, que serve para estimular os investimentos.
A tendência agora é ter oscilações nos juros num patamar mais baixo?
Não há necessidade de voltar (para o patamar anterior de juros), porque a política monetária está mais eficiente e a economia já desindexou um pouco. Temos um patamar de juro um pouco maior que em outros países, por conta de um resquício inflacionário do passado. Há uma desindexação em curso, mas não é imediata. Além disso, a política monetária se tornou mais eficaz. O Brasil é um País mais normal hoje. Isso significa que, se precisar (subir os juros), não é necessário um tiro de canhão. Pode ser um tiro de metralhadora.
Alguns economistas defendem alta do desemprego para reduzir a inflação. Isso é inevitável?
Não vamos jogar fora o maior avanço recente, que é não ter desempregados. Esse problema do aumento do custo da mão de obra tem de ser enfrentado com velocidade na qualificação da mão de obra. Até, se for o caso, deveria vir mão de obra de fora para essa transição. Também rebatemos essa questão com a desoneração da folha, que contrabalança o aumento do salário real em condições de pleno emprego. Nos países com desemprego alto, o salário é mais baixo, mas não tem mercado. Qual é a vantagem? Acho um absurdo pensar que isso é uma vantagem. A população está muito satisfeita.
O governo anunciou concessão de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos, mas os empresários pediram uma taxa de retorno mais atraente. O sr. já decidiu isso?
De fato, esse programa é fundamental para estimular os investimentos e aumentar a competitividade da economia. Isso é prioridade para o governo. Mas o programa só será bem-sucedido se apresentar uma rentabilidade que convide o investidor. No caso dos leilões de petróleo e gás, que faremos no mês que vem, a demanda é garantida, já temos 35 empresas inscritas. No caso das rodovias, nós começamos com duas, a BR 040 e a BR 116, cujos estudos para a concessão estavam velhos, tinham sido feitos em 2007. Nós revisamos todos os parâmetros. Aumentamos o prazo de concessão de 25 para 30 anos, reduzimos as taxas de juro, ampliamos o tempo de carência para começar a pagar, mudamos a posição dos pedágios, tudo para tornar o negócio mais rentável. Agora eu garanto que o investidor terá um retorno real, ou seja, descontada a inflação, de 10% ao ano.
Então a taxa de retorno original, de 5,5% ao ano, foi superada?
Exatamente. A taxa de retorno do projeto vai aumentar também, mas para o investidor um ganho real de 10% ao ano está garantido. Nosso interesse é que essas concessões sejam bem sucedidas, que saiam do papel. Onde você consegue um retorno real de 10% ao ano num prazo de 30 anos? Não há alternativa de rendimento parecido com esse no mundo. O capital estrangeiro virá para cá.
E a Petrobrás? Vai ter condições de investir?
A Petrobrás investiu R$ 84 bilhões no ano passado. Este ano, a programação é de R$ 97 bilhões. A Petrobrás dará a sua contribuição plenamente.
A Petrobrás ainda precisa de mais um reajuste no preço da gasolina para recuperar a capacidade de investimento?
Eu não sei, perguntem para a Petrobrás.
O sr. é o presidente do conselho de administração.
Aqui estou dando entrevista como presidente do conselho? Não sabia (risos). Falo aqui como ministro da Fazenda.
O governo baixou 15 pacotes nos últimos tempos para reanimar a economia.
Não baixamos nenhum pacote. Está certo que fizemos hora extra no ano passado (risos). Mas é preciso distinguir medidas estruturais de emergenciais. Desoneração não é pacote, é permanente. Existem medidas que são para ajustar imediatamente a economia. Às vezes, o setor automobilístico começa a cair e, antes que desempregue, diminuímos o IPI.
Os críticos dizem que esse intervencionismo deixa os empresários mais reticentes em investir. Como o sr. Responde?
A pior coisa é ficar inerte, assistindo uma economia se degringolar. Não posso pensar: ‘Oh, que beleza, está valorizando o câmbio’, ou ‘Oh, que beleza, deixa o pessoal fazer arbitragem’. Aí explode a indústria. Se não tivéssemos tomado essas medidas para o setor automotivo, seríamos engolidos pelos importadores. Nas crises passadas, a indústria e o comércio eram destruídos e havia desemprego em massa. Nada disso aconteceu desta vez. A indústria cai uma hora, depois sobe, mas é assim mesmo. Agora serão necessárias menos medidas. O que vai continuar é o programa de desoneração. Todo mundo sabe e todo mundo quer. Vamos ter também a reforma do PIS/Cofins.
Como vai ser exatamente a reforma do PIS/Cofins?
O PIS/Cofins é muito complexo, cheio de alíquotas diferenciadas e especiais. Só o regime dos tributos têm mil páginas. Vamos simplificar. E temos de permitir o aproveitamento dos créditos. Mas nós não temos dinheiro para fazer isso em 2013. Podemos até anunciar este ano, mas para valer em 2014. Em 2013, o mais importante é a reforma do ICMS, que está sendo discutida no Congresso.
Por que mesmo com as medidas, o PIB não reagiu?
O que nos pegou de surpresa foi o agravamento da crise europeia, e as medidas que tomamos ainda vão levar um tempo para surtir efeito. Você reduz os juros e ele tem efeito dali a dez meses. Não vamos esquecer que o juro vinha caindo lentamente e só foi atingir o atual patamar de 7,25% ao ano em outubro do ano passado. Há um paradoxo na economia brasileira no caso dos juros e do câmbio.
Como assim?
Vivemos muito tempo com juros altos, e a economia ficou viciada. Mesmo o setor produtivo tem uma parte do seu rendimento que é atrelado ao mercado financeiro, como uma forma de se defender. Mesmo as empresas que passaram a vida toda pedindo para cortar o juro, perdem, num primeiro momento, quando isso acontece. Com o câmbio, a lógica é a mesma, porque o setor produtivo tem empréstimos em dólar e compra máquinas e equipamentos importados. Isso só ocorre neste primeiro momento, depois há a adaptação. A economia está num momento de transição. Um programa de infraestrutura, como o que lançamos em 2012, demora a ter efeito. O investimento vai começar a bombar mesmo em 2014.
É preciso ter paciência?
Vamos lembrar que as desonerações começaram em 2012, e estão em curso ainda. Não se transforma um país do dia para a noite. Esse ano nós vamos crescer mais. As projeções do mercado são de um avanço de 3% a 3,5% do PIB.
Qual é a sua projeção de crescimento do PIB?
Estou só observando as projeções para depois vocês não ficarem me cobrando (risos).
Em 2011, o governo Dilma apertou a política fiscal e soltou a monetária. Em 2012, a Fazenda aumentou as desonerações. Qual é a política fiscal de 2013?
É a mesma. Sou ministro da Fazenda há sete anos e pratico sempre a mesma política fiscal: séria, sólida, porém anticíclica A novidade agora é a desoneração. Não estou gastando, mas devolvendo ao contribuinte ou deixando de cobrar um tributo. Mantemos o superávit primário, porque quando o PIB crescer, vamos fazer o superávit cheio. Mas enquanto a economia está mais fraca, é preciso tomar medidas, com mais gastos em investimentos e em subsídios. Os gastos de custeio do Estado estão sob controle.
As contas externas estão se deteriorando. Há riscos para o País?
Tivemos uma contração do comércio internacional no ano passado. Em 2013, aumentaram as importações de bens de capital, mas ainda não sabemos qual vai ser o comportamento das exportações. Talvez o mercado internacional melhore. É cedo para prognósticos. Não temos nenhuma dificuldade com fluxo de capital externo. Nos últimos anos, nós inibimos o capital internacional. Se quisermos, é só eliminar as dificuldades que o capital vem.
A importação de combustível cresceu muito, por conta da política do governo de reduzir o IPI para a venda de carros. Como quebrar esse ciclo?
A produção de etanol vai ser melhor este ano. Começamos a dar estímulos e vamos lançar mais medidas para o setor. O reajuste da gasolina já tornou o etanol mais competitivo. Temos a previsão de elevar a mistura de etanol na gasolina para 25% a partir de 1.º de maio. Teve um período em que o setor ficou meio parado, porque foi muito afetado pela crise mundial de 2008 e pelos preços dos combustíveis. Mas já está se recuperando e vamos tomar mais medidas para que o setor sucroalcooleiro volte a investir e expandir sua produção.



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Aula 27 de 76 do curso:
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Aula 1 de 76 do curso:
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João Sayad - USPValor Presente e Taxa Real de Juros
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Teoria Financeira
John Geanakoplos - Yale

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

GV: primeira prévia do IGP-M mostra queda da inflação no início de 2013

Na primeira prévia do ano, o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), usado no reajuste de contratos de aluguel, mostra tendência de queda da taxa de inflação. Segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV), no primeiro levantamento de 2013, foi registrada uma inflação de 0,41%, inferior ao 0,5% observado na primeira prévia de dezembro do ano passado.A tendência de queda foi observada nos três subíndices que compõem o IGP-M. A taxa do Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que registra a variação de preços no atacado, por exemplo, caiu de 0,5% em dezembro para 0,46% neste mês.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Analistas de mercado elevam para 5,49% estimativa de inflação oficial em 2013
| Agência Brasil
 
A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve ficar em 5,49%, este ano, segundo estimativa de analistas do mercado financeiro consultados todas as semanas pelo Banco Central (BC) sobre os principais indicadores econômicos do país. A projeção anterior para 2013 era 5,47%.
Para 2012, a expectativa para o IPCA passou de 5,71% para 5,73%. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgará a variação do IPCA no ano passado na próxima quinta-feira (10).
As projeções para a inflação em 2012 e neste ano estão acima do centro da meta de 4,5%, mas dentro do intervalo de tolerância de 2 pontos percentuais para mais ou para menos. Cabe ao BC perseguir essa meta e um dos principais instrumentos para influenciar a atividade econômica e calibrar a inflação é a taxa básica de juros, a Selic. A projeção para a taxa básica é a manutenção do atual patamar de 7,25% ao ano, em 2013.
A pesquisa do BC também traz estimativa para o Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (IPC-Fipe), que foi mantida em 4,88%, neste ano.
Para o Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M) foi mantida a projeção de 5,31%, em 2013.
A estimativa dos analistas para os preços administrados passou de 3,35% para 3,30%, neste ano. Para 2012, foi mantida em 3,50% Os preços administrados são aqueles cobrados por serviços monitorados, como combustíveis, energia elétrica, telefonia, medicamentos, água, educação, saneamento e transporte urbano coletivo.

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Quem sou eu

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Médico Clínico e Sanitarista - Doutor em Saúde Pública - Coronel Reformado do Quadro de Dentistas do Exército. Autor dos livros "Sistemismo Ecológico Cibernético", "Sistemas, Ambiente e Mecanismos de Controle" e da Tese de Livre-Docência: "Profilaxia dos Acidentes de Trânsito" - Professor Adjunto IV da Faculdade de Medicina (UFF) - Disciplinas: Epidemiologia, Saúde Comunitária e Sistemas de Saúde. Professor Titular de Metodologia da Pesquisa Científica - Fundação Educacional Serra dos Órgãos (FESO). Presidete do Diretório Acadêmico da Faculdade Fluminense de Odontologia. Fundador do PDT, ao lado de Leonel Brizola, Darcy Ribeiro, Carlos Lupi, Wilson Fadul, Maria José Latgé, Eduardo Azeredo Costa, Alceu Colares, Trajano Ribeiro, Eduardo Chuy, Rosalda Paim e outros. Ex-Membro do Diretório Regional do PDT/RJ. Fundador do Movimento Verde do PDT/RJ. Foi Diretor-Geral do Departamento Geral de Higiene e Vigilância Sanitária, da Secretaria de Estado de Saúde e Higiene/RJ, durante todo o primeiro mandato do Governador Brizola.