terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

Aedes aegypti: método Wolbachia para o combate ao mosquito chega em sua etapa final


Por: Alexandre Penido (Agência Saúde)
Três cidades brasileiras irão realizar a etapa final do método “Wolbachia” para o combate ao mosquito Aedes aegypti, antes da sua incorporação ao Sistema Único de Saúde (SUS). 

A nova fase do projeto World Mosquito Program Brasil (WMPBrasil) da Fiocruz em parceria com o Ministério da Saúde será testado nos municípios de Campo Grande (MS), Belo Horizonte (BH) e Petrolina (PE). Para isso, a pasta vai destinar R$ 22 milhões. A metodologia é inovadora, autossustentável e complementar às demais ações de prevenção ao mosquito. Consiste na liberação do Aedes com o microrganismo Wolbachia na natureza, reduzindo sua capacidade de transmissão de doenças. 
O anúncio da etapa final de avaliação da Wolbachia, nos três municípios, será feito pelo ministro da Saúde, Henrique Mandetta, nesta segunda-feira (15/4), durante a abertura do evento Atualização em Manejo Clínico da Dengue e febre do chikungunya e no controle vetorial do Aedes aegypti, em Campo Grande (MS).  O evento (assista abaixo) tem como objetivo capacitar médicos, enfermeiros, coordenadores e supervisores de Controle de Vetores dos 79 municípios do estado de Mato Grosso do Sul em relação à técnica de manejo, controle do mosquito e operação de campo.
A expectativa é que as primeiras atividades com o mosquito Aedes aegyptiinfectados com Wolbachia iniciem, em Campo Grande, Belo Horizonte e Petrolina, no segundo semestre de 2019 e tenha uma duração de cerca de três anos. O método é seguro para as pessoas e para o ambiente, pois a Wolbachia vive apenas dentro das células dos insetos. No caso do município de Belo Horizonte, o Ministério da Saúde apoiará a realização de Ensaio Clínico Randomizado Controlado (em inglês Randomized Controlled Trial, RCT) em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais e apoio do National Institute of Allergy and Infectious Diseases (NIAID).
A medida é complementar e ajuda a proteger a região das doenças propagadas pelos mosquitos, uma vez que o Aedes aegypti com Wolbachia - que têm a capacidade reduzida de transmitir dengue, zika, chikungunya – ao serem soltos na natureza se reproduzem com os mosquitos de campo e geram Aedes aegypti com as mesmas características, tornando o método autossustentável. Esta iniciativa não usa qualquer tipo de modificação genética. 
As liberações de mosquitos são precedidas por uma série de ações educativas e de comunicação, com o objetivo de informar a população sobre o método Wolbachia. Esta etapa tem o apoio e a participação de parceiros do WMP no território, como lideranças comunitárias e associações de moradores, unidades de saúde, escolas e organizações não-governamentais.
A Wolbachia é um microrganismo presente em cerca de 60% dos insetos na natureza, mas ausente no Aedes aegypti. Uma vez inserida artificialmente em ovos de Aedes aegypti, a capacidade do Aedes transmitir o vírus da zika, chikungunya e febre amarela fica reduzida. Com a liberação de mosquitos com a Wolbachia, a tendência é que esses mosquitos se tornem predominante e diminua o número de casos associado a essas doenças nos três municípios. 
Investimentos
Desde 2011, o Ministério da Saúde em parceria com a Fundação Bill & Melinda Gates e National Institutes of Health já investiram no método Wolbachia R$ 31,5 milhões. As primeiras liberações dos mosquitos contendo Aedes aegypti com wolbachia no Brasil ocorreram em 2015 nos bairros de Jurujuba em Niterói e Tubiacanga na Ilha do Governador ambos no estado do Rio de Janeiro.
Em 2016 a ação foi ampliada em larga escala em Niterói e em 2017 no município do Rio de Janeiro. Atualmente o WMP Brasil atende 29 bairros na cidade do Rio de Janeiro e 28 bairros de Niterói. No total, já são 1,3 milhão de pessoas beneficiadas no estado com o método Wolbachia. Além do Brasil, também desenvolvem ações do programa países como: Austrália, Colômbia, Índia, Indonésia, Sri Lanka, Vietnã, e as ilhas do oceano pacífico Fiji, Kiribati e Vanuatu.
Ações de combate ao mosquito
As ações de prevenção e combate ao mosquito Aedes aegypti são permanentes e tratadas como prioridade pelo Governo Federal. Todas as ações são gerenciadas e monitoradas pela Sala Nacional de coordenação e Controle para enfrentamento do Aedes, que atua em conjunto com outros órgãos. A Sala Nacional articula com as 2.166 Salas Estaduais e Municipais as ações de mobilização e também monitora os ciclos de visita a imóveis urbanos no Brasil, que são vistoriados pelos agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias.
O Ministério da Saúde também oferece continuamente aos estados e municípios apoio técnico e fornecimento de insumos, como larvicidas para o combate ao vetor, além de veículos para realizar os fumacês, e testes diagnósticos, sempre que solicitado pelos gestores locais. Para o diagnóstico das doenças zika e chikungunya, e também dengue, todos os laboratórios do país estão abastecidos com o teste em Biologia Molecular. Também são investidos recursos em ações de comunicação, como campanhas publicitárias e divulgação nas redes sociais, junto à população.
Para estas ações, a pasta tem garantido orçamento crescente aos estados e municípios. 

Os recursos para as ações de Vigilância em Saúde, incluindo o combate ao Aedes aegypti, cresceram nos últimos anos, passando de R$ 924,1 milhões, em 2010, para R$ 1,73 bilhão em 2018. 

Este recurso é destinado à vigilância das doenças transmissíveis, entre elas dengue, zika e chikungunya e é repassado mensalmente a estados e municípios.

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Médico Clínico e Sanitarista - Doutor em Saúde Pública - Coronel Reformado do Quadro de Dentistas do Exército. Autor dos livros "Sistemismo Ecológico Cibernético", "Sistemas, Ambiente e Mecanismos de Controle" e da Tese de Livre-Docência: "Profilaxia dos Acidentes de Trânsito" - Professor Adjunto IV da Faculdade de Medicina (UFF) - Disciplinas: Epidemiologia, Saúde Comunitária e Sistemas de Saúde. Professor Titular de Metodologia da Pesquisa Científica - Fundação Educacional Serra dos Órgãos (FESO). Presidete do Diretório Acadêmico da Faculdade Fluminense de Odontologia. Fundador do PDT, ao lado de Leonel Brizola, Darcy Ribeiro, Carlos Lupi, Wilson Fadul, Maria José Latgé, Eduardo Azeredo Costa, Alceu Colares, Trajano Ribeiro, Eduardo Chuy, Rosalda Paim e outros. Ex-Membro do Diretório Regional do PDT/RJ. Fundador do Movimento Verde do PDT/RJ. Foi Diretor-Geral do Departamento Geral de Higiene e Vigilância Sanitária, da Secretaria de Estado de Saúde e Higiene/RJ, durante todo o primeiro mandato do Governador Brizola.